
No fundo de cada ser humano existe uma inquietação silenciosa, um vazio que insiste em marcar presença. É como se, por mais que tenhamos, algo continuasse sempre a faltar. A vida, com os seus altos e baixos, confronta-nos com momentos de reflexão, mostrando-nos que a perfeição não é um destino, mas sim um caminho cheio de incertezas.
Tomar decisões nem sempre é simples. Muitas vezes, o medo surge como uma sombra que nos impede de avançar. Olhamos para trás e lamentamos o que não tivemos coragem de fazer, o abraço que não demos, o passo que não arriscámos. Mas, curiosamente, basta um pequeno gesto, uma atitude de coragem, para que novas portas se abram e a vida nos surpreenda com novas possibilidades.
Aprender a viver um dia de cada vez é talvez o maior segredo. Aquilo que tem de ser, acontecerá naturalmente, mesmo quando tentamos fugir ao inevitável. Há um poder imenso em parar, respirar fundo e ouvir o silêncio. E é nesse silêncio que muitas vezes encontramos respostas. Mas são a fé, o amor-próprio e a capacidade de nos reinventarmos que realmente nos ajudam a preencher os espaços vazios dentro de nós.
Todos carregamos dúvidas, medos e perguntas sem resposta. Esse vazio que por vezes nos sufoca pode, afinal, ser a força que nos impulsiona a crescer, a mudar e a procurar novos sentidos para a vida. Na adolescência, essa sensação era ainda mais intensa — no meio de festas, risos e multidões, a solidão podia ser gritante. Como dizia Fernando Pessoa, “somos, todos nós, um desassossego permanente”.
No entanto, é no presente que reside a verdadeira magia. Viver o agora, valorizar os pequenos momentos, as conversas simples, os gestos de carinho — é isso que preenche o coração. O vazio transforma-se quando escolhemos viver com amor, gratidão e luz. Porque, no fundo, a vida não é sobre ter tudo, mas sim sobre sentir tudo — com intensidade, com verdade e com o coração inteiro.
- Filipe Miguel
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