
Se tivesse ousado mais, talvez o medo não me tivesse vencido tantas vezes. No entanto, a verdade é que o “talvez” é uma armadilha traiçoeira. Quanto mais nos agarramos a ele, mais nos enredamos na dúvida, como se estivéssemos presos entre o desejo de avançar e o receio de arriscar, sem nunca realmente sair do lugar.
Um “sim” traz clareza, ilumina o caminho e abre portas. Um “não”, embora possa ferir, ao menos revela a verdade sem rodeios. Mas permanecer no “não sei”, no eterno “logo se verá”, é como ficar parado no meio da estrada, sem coragem para seguir em qualquer direção. E essa hesitação constante gera apenas frustração e arrependimento.
A indecisão é uma cela cuja chave sempre esteve nas nossas mãos. É como estar diante de uma porta aberta e, mesmo assim, hesitar em cruzar o limiar. O “talvez” mina aos poucos a nossa vontade de sonhar, de viver, de sentir. Ficamos paralisados, espectadores da nossa própria vida, vendo as oportunidades escaparem como areia entre os dedos.
Se naquele momento tivesse dito o que realmente sentia, talvez agora não estivesse preso a estas dúvidas sufocantes. Os “e se” tornaram-se espectros do passado, recordando-me incessantemente das escolhas que não fiz, das palavras que calei e dos caminhos que não percorri. São sombras que sussurram tudo o que poderia ter sido, mas nunca foi.
Mas basta. Chega de hesitar, chega de deixar a vida passar enquanto permaneço imóvel. O tempo não perdoa, não espera, não volta atrás. O verdadeiro sentido da vida está em tomar decisões, em escolher, em arriscar. Seja um “sim” ou um “não”, o importante é seguir em frente, sem deixar que o medo dite os nossos passos.
Por isso, abandono os “ses”, liberto-me das dúvidas e lanço-me aos meus sonhos. Porque viver é, acima de tudo, ter coragem para decidir. O medo já não me prende. Estou pronto. Estou vivo. E estou decidido a arriscar.
- Filipe Miguel
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