
Deixei para trás promessas quebradas e ilusões que pareciam eternas. Caminhei sozinho na noite, perdido nos meus próprios pensamentos. A tristeza tornou-se uma sombra constante, e a falta de rumo pesava sobre mim. A escuridão envolvia-me, e os ventos sussurravam segredos indecifráveis. Sob a luz de mil sóis apagados, os dias vestiam-se de cinza.
Atravessei o deserto da solidão, amando cada amanhecer com um coração entregue. Mas, quanto mais amava, mais os dias nasciam cansados, como se o meu amor fosse um fardo. Tornei-me um náufrago em mares secos, onde a esperança era uma miragem. Bebi do orvalho insípido da vida, provei o doce fruto de um amor silenciado, que, no fim, se desfez em vazio.
Nos caminhos que percorri, fui apenas uma sombra, errante e sem destino. Busquei uma companhia que nunca se deixou encontrar, um sonho fugaz que escapava pelos meus dedos. A vida, por vezes, sorria e chorava ao mesmo tempo, cantando melodias sem sentido que ecoavam dentro de mim.
E assim segui, até que o destino me trouxe de volta ao meu porto. Depois de caminhar entre fantasmas do passado, compreendi que cada passo tinha um propósito, mesmo quando envolto em mistério. O regresso trouxe-me luz, e, por fim, reencontrei-me na certeza de que, por mais que nos percamos, há sempre um caminho de volta.
- Filipe Miguel
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