Filipe de Luar

O medo assombra-nos como uma sombra persistente, limitando os nossos passos e roubando-nos a leveza da liberdade. Ele infiltra-se nas noites silenciosas, apaga o brilho das estrelas e acelera o tempo quando mais precisamos de calma. Como um ladrão sorrateiro, arrebata-nos a paz, deixando-nos presos a incertezas e receios que parecem insuperáveis.
Quando sucumbimos ao medo, o mundo transforma-se num labirinto de dificuldades. As pedras da calçada já não sustentam os nossos passos, e os caminhos que antes conhecíamos tornam-se enigmáticos. O coração acelera, quase suplicando por um alívio, enquanto a mente perde-se em pensamentos que nos afastam da realidade. Mas será justo permitir que o medo dite os nossos dias?
Não podemos deixar que ele se torne uma prisão invisível. Precisamos de apoio, de palavras que nos confortem, de um olhar que nos lembre que não estamos sozinhos. O medo só perde força quando partilhamos as nossas angústias, quando encontramos um ombro amigo capaz de escutar e acolher as nossas vulnerabilidades.
Abramos as janelas, deixemos a luz entrar e varrer as sombras que nos atormentam. Sejamos como caravelas destemidas, navegando pelo oceano da vida, impulsionadas pelos ventos da esperança. Que os nossos sonhos nos concedam coragem, que a vontade de viver supere qualquer hesitação. O medo não pode ser um obstáculo definitivo, mas sim um desafio a ultrapassar.
Nas asas da determinação, sejamos livres. Voemos alto, sem correntes a prender-nos ao chão. E ao sentirmos o calor de um abraço sincero ou o carinho de um beijo, que saibamos acolher o novo dia sem receio. A vida é uma dança imprevisível, e cabe-nos aprender a dançar, mesmo quando a melodia parece desafiante. Porque viver é isso: avançar, cair, levantar e continuar a seguir em frente, sempre com a esperança a iluminar o caminho.

• Filipe Miguel