Filipe de Luar

Deixa-me partir… Preciso de sair deste lugar e procurar um jardim onde as flores floresçam, onde possa sentir-me eternamente criança, pintar este mundo e guardar nos olhos a esperança que emerge do mar profundo.
Desejo entrar na dança ao meu ritmo, ao som de uma guitarra e do canto de uma cigarra. Deixa-me ir… Necessito absorver o perfume da noite, aquele que me prende quando contemplo as estrelas, ser uma luz na escuridão e segurar a vida na palma da mão.
Quero soltar gargalhadas há muito contidas, aventurar-me pelos rochedos, deixando neles os meus receios. Já não tenho idade, nem pertenço a signos. Sou uma varanda aberta para o mar e, com as minhas asas, acabo por voar!

Deixa-me ir… Levo-te comigo no meu ser, e só contigo sei viver. Mas, agora, preciso de partir para aprender a sorrir novamente. Preciso de tempo, ser uma folha e deixar-me levar pelo vento.
Deixa-me ir… Prometo que, um dia, voltarei e, nos teus braços, para sempre permanecerei. Porque sou um barco à deriva que se perdeu entre os outros, mas que encontrou o cais em ti.

• Filipe Miguel