
Quis o destino, ou talvez o capricho da vida, dar-me um segundo de ti. Um instante tão fugaz, quase inexistente, mas que, mesmo assim, marcou a minha alma de uma maneira que eu não esperava. Não houve tempo para um beijo, nem sequer para um abraço. Só um breve momento, um suspiro que se esvaiu antes que eu pudesse segurar.
Lembro-me bem do ambiente ao nosso redor: o ar leve, quase carregado de promessas não cumpridas. A tua presença era como uma miragem, algo tão real e ao mesmo tempo tão inalcançável. A vida, com o seu jeito enigmático, apresentou-te a mim e, num piscar de olhos, tirou-te logo de seguida. Ficaste apenas como um sorriso ténue, uma sombra de felicidade que passou sem intenção de permanecer.
Não houve tempo para planos, para criar raízes, para permitir que o sonho florescesse. Não era para ser. A tua presença foi como uma leve brisa que me tocou, tão suave e efémera, deixando apenas o desejo de mais. O tempo, apressado como sempre, levou-te antes que eu pudesse implorar para ficares. E assim, sem despedidas, partiste.
Eu, no entanto, queria-te. Não só por um segundo, mas por todos os minutos e horas que o mundo pudesse oferecer. Queria-te aqui, agora, sempre. Mas a vida tinha outros planos, e deixou-te no meu coração apenas como uma memória, um eco de algo que poderia ter sido.
Na brevidade do teu olhar, encontrei um lugar seguro, um refúgio. E ainda hoje, nos versos da minha canção, tu vives. Fizeste deles um lar, um espaço onde posso visitar-te sempre que a saudade aperta. E assim, continuas a existir em mim, não como uma ausência, mas como uma presença eterna.
- Filipe Miguel
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