
A noite estava fria, mas os nossos corpos eram calor suficiente para afastar qualquer gelo. Estávamos sozinhos, mas, na verdade, não havia mais solidão entre nós. A lua, tímida no céu, assistia à nossa entrega silenciosa. O teu olhar tocava-me como se soubesses o que pensava antes mesmo de eu abrir a boca. Não havia pressa, não havia mais perguntas. Apenas a certeza de que, naquele momento, nada mais importava.
Era como se a rua deserta fosse o nosso refúgio. Os ventos que cortavam a noite, como uma carícia distante, desapareciam quando nos tocávamos. Cada beijo, cada gesto, dizia mais do que mil palavras poderiam expressar. Era um amor que se sentia no silêncio, na forma como o teu corpo se aproximava do meu, na segurança de que estávamos exactamente onde devíamos estar.
A lua brilhava sobre nós, como se fosse o único espectador. Sentia o frio, mas o calor que partilhávamos aquecia-me por dentro, e isso era tudo o que eu precisava. Não havia promessas a fazer, nem palavras a dizer. O amor não precisava de ser explicado. A nossa dança na chuva, entre risos abafados e toques de mãos, era tudo o que queríamos. E, quando a noite se estendeu até ao amanhecer, adormecemos com a certeza de que aquele momento seria eterno, mesmo que os dias passassem e o mundo lá fora continuasse a girar.
- Filipe Miguel
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