Sonhei. Mas não foi um sonho qualquer, foi daqueles que parecem rewind à vida. O tempo, do nada, decidiu andar para trás e puff: estávamos todos juntos outra vez. A rir sem pensar no amanhã, a viver como quem ainda não aprendeu o peso das responsabilidades. Era um serão de amigos, daqueles que aquecem o peito. Havia desafios, gargalhadas, aquela energia boa que só existe quando ninguém está a tentar impressionar ninguém.
Eu, no meio daquilo tudo, só observava. Até que chegou a minha vez. Todos ficaram à espera, como se soubessem que eu tinha algo guardado. Levantei-me, respirei fundo e deixei sair aquilo que me queimava por dentro:
Quero ser leve. Leve como uma pena que se deixa levar pela brisa.
Quero voar pelo mundo, pousar em sorrisos verdadeiros, beijar lábios que espalham alegria, tocar rostos que brilham só porque sim.
Quero ser palavra bonita, daquelas que se ouvem devagar, que ficam no ar, que se partilham entre sonhadores e amantes.
Quero ser sentimento puro, sempre disponível, a morar nos corações que ainda acreditam no bem. Quero expulsar o rancor, abrir espaço para o amor, para a paixão, para aquela esperança teimosa que nunca morre.
Quero ser alma e corpo aventureiro.
Mergulhar no mar, cavalgar ondas, rebentar num areal limpo, sem lixo, sem ruído.
Quero ser os lábios do mar a beijar a areia com calma, como quem diz “estou aqui”.
E depois… depois quero deitar-me numa cama de areia quente e adormecer feliz, embalado pelos raios de sol.
Quando terminei, ficaram todos em silêncio. Não porque não soubessem o que dizer, mas porque às vezes as palavras não chegam.
Sorriram. E eu sorri também. E depois… acordei. E talvez, só talvez, tenha sido mais do que um sonho.


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