Levei-te comigo, escondido debaixo do braço, como quem guarda um segredo precioso, como quem carrega no peito um abraço que nunca falha. Foste o meu refúgio silencioso, o meu companheiro discreto, e ainda assim tão presente. Depois de tanto tempo esquecido na estante, bastou abrir-te para sentir o calor que só as coisas verdadeiras sabem dar.
Perdi-me em ti sem dar por isso. As tuas páginas eram janelas abertas para mundos que só tu sabias inventar. Entrei nelas como quem mergulha num mar desconhecido, e deixei-me levar pela corrente das tuas histórias. Aventuras que não têm fim, personagens que respiram, cenários que quase podia tocar. No teu mundo de papel, cada palavra era um doce raro, mais suave e viciante do que o mel.
Sonhei contigo, e sonhar contigo foi mais real do que muita vida vivida. Despertei dos teus capítulos com uma fome estranha — não de corpo, mas de alma —, com aquela vontade insaciável de voltar, de repetir, de me perder outra vez. Cada parágrafo era um convite, cada frase um abraço escondido. Caí nos teus braços de papel como quem se rende sem medo, e sorri. Sorri porque, entre linhas e capítulos, encontrei um pedaço de mim.
E assim descobri que os livros não são apenas histórias. São pontes. São viagens sem bilhete. São mãos invisíveis que nos levantam quando tropeçamos. E tu, meu amigo silencioso, foste tudo isso: um abraço, um escape, um espelho, um sonho que nunca se apaga.

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Livros que abraçam
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