Filipe de Luar

Hoje quero falar-te de mim, da vida e daquilo que ela tem guardado para cada um de nós.
Há quem acredite que nascemos com o destino traçado, como se tudo já estivesse escrito algures, à espera de acontecer. Mas eu não consigo engolir essa ideia. Prefiro acreditar que somos nós que vamos desenhando o caminho — passo a passo, escolha a escolha.
Sim, pode haver uma linha de base, um ponto de partida… mas somos nós que decidimos para onde ir. Cada decisão traz consequências, umas boas, outras nem tanto, mas todas contam. Cada erro, cada acerto, molda o que vem a seguir. E mesmo quando não damos conta, estamos a escrever as páginas do nosso futuro.
É por isso que eu acredito que o destino está nas nossas mãos. Respeito quem pense o contrário, claro. Mas se tudo já estivesse escrito… onde estava a graça?
Imagina que recebíamos um guião completo ao nascer. Sabíamos quando cair, quando amar, quando perder. Poupava dores? Talvez. Mas também nos roubava as surpresas, as reviravoltas, os sorrisos inesperados. Seríamos apenas figurantes de uma história que não escolhemos viver.
E qual era o desafio? Qual era o crescimento?
É no meio do caos e das viragens inesperadas que nascem as melhores partes de nós. As mais fortes. As mais reais.
Se me dissessem, há uns anos, que eu um dia ia escrever livros, rir-me-ia. Sempre fui daqueles que preferia pensar do que escrever. A preguiça vencia quase sempre. Mas, olha, aqui estou eu — a partilhar palavras, histórias, pedaços de mim.
Foi uma escolha minha. Talvez não consciente no início, mas foi. Comecei devagar, parei, voltei… e hoje escrevo com mais alma do que nunca. Hoje partilho um bocadinho de mim contigo. E sabes que mais? É das melhores surpresas que a vida me deu.
Não porque planeei. Mas porque me permiti escolher, mudar, tentar.
Somos livres. Somos responsáveis. E, às vezes, surpreendemo-nos connosco próprios.
O meu destino? Sou eu que o escrevo. Com erros, com rasuras, mas sempre com verdade.
E isso… isso vale ouro.

• Filipe Miguel