Somos todos feitos de bagagem. Uns levam memórias felizes, outros arrastam desilusões antigas. Trazemos connosco sorrisos que nos marcaram, lágrimas que nunca esquecemos, sonhos que voaram e ilusões que pesam. Cada um escolhe o que carrega. E é essa escolha que vai moldando quem somos.
Mas há dias em que o peso é demais. Em que sentimos que a mala rebenta pelas costuras. Às vezes temos mesmo de deixar para trás o que já não nos serve. Porque continuar a carregar dores velhas só atrasa o caminho. Há bagagens que não nos deixam respirar.
E tudo o que eu queria era um colo. Um colo que me aliviasse deste fardo emocional, que me tirasse das costas as dúvidas, os medos e as histórias por contar. Porque sim, é bom ter a mala cheia, mostra que vivemos. Que nos atirámos à vida sem medo, mesmo que ela nem sempre tenha sido leve.
A vida sabe o que põe lá dentro. E só os ingénuos acham que um dia a mala vai ficar vazia. Os felizes aceitam-na como ela é. Os tristes, rejeitam o que ela traz.
No fundo, somos todos malas com histórias. Uns são de cartão, outros de couro, alguns de plástico, outros valem como diamantes. Mas o que importa mesmo é o que levamos cá dentro. Quem nos ama de verdade vai abrir essa mala com cuidado, cheirar cada memória, dobrar cada pedaço de nós com carinho… e guardar tudo no lugar certo.
Porque há malas que nunca se esvaziam, só se enchem de vida.

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