Filipe de Luar

Vem, mas sem reservas. Sem metades, sem “talvez”. Vem com tudo, sem travões, sem planos de fuga. Não me sobra espaço nem tempo para mais quedas erradas, mas, se for para tropeçar de novo, que seja nos teus braços e que esse tropeço me leve direto à paz que só o teu abraço sabe dar.
Há rostos que esquecemos, mas o teu? O teu gravou-se em mim como se fosse casa. Mesmo no escuro, reconheço o toque da tua pele, o sabor dos teus beijos, a alma que me envolve antes mesmo de me tocar. É como se o meu corpo já soubesse que és tu, como se estivesses escrito em mim desde sempre.
Quando te penso, o coração acelera como se voltasse à adolescência, aquela fase em que tudo é novo, intenso, quase irracional. É essa paixão crua, sem filtros, que me invades. Não sei explicar, mas sei sentir. E o que sinto diz-me que isto entre nós não é de agora. Já nos amámos noutro tempo, noutra vida, noutra dimensão qualquer. Sinto isso nas entranhas. É aquela certeza silenciosa de quem reconhece o especial sem precisar de palavras.
Há amores que só acontecem uma vez, os outros, voltam. E o nosso… o nosso já andou por aí, a perder-se e a reencontrar-se, só para agora, finalmente, se fazer inteiro. Por isso, vem. Mas vem de verdade. Porque eu já estou aqui, pronto para te viver.

• Filipe Miguel