Há dias em que não queremos mais nada do que um colo. Um abraço apertado. Um beijo sincero. Ou só aquele ombro certo onde podemos encostar a alma por uns instantes. E há muitos dias assim, mais do que devíamos admitir. Eu sei bem o nome disso, chama-se solidão.
É aquela sensação estranha de ter tudo e, ao mesmo tempo, sentir que falta sempre qualquer coisa. Uma companhia, uma palavra que nos levante, uma presença que nos faça esquecer por uns minutos o peso de estar só.
E os dias arrastam-se, as noites parecem eternas. E quando o silêncio se instala, percebemos que, por mais voltas que a vida dê, ninguém nos prepara para os dias em que o mundo inteiro parece longe demais.
Aprendemos, devagarinho, a lidar com isso. Vamos ganhando força, percebendo que estar só também nos ensina. Mas mesmo assim, há momentos em que só aquela pessoa tinha o dom de nos sossegar o peito. Só ela sabia acalmar a tempestade cá dentro.
E é nesses dias que a ausência grita mais alto. Porque há carências que não se explicam, só se sentem.
- Filipe Miguel

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