Filipe de Luar

Hoje olhei para o céu e desabafei com as estrelas. Disse-lhes tudo. Falei de ti, de mim, do que sinto quando não estás. Estou aqui, sem sono, a pensar em ti como se isso te trouxesse para mais perto. Pensar em ti já virou hábito. É o que me acalma, o que me mantém ligado.
Adormecer contigo na cabeça é rotina. Há noites que são tranquilas, outras que são uma tortura. Quando se tem saudade no peito, o sono vem com peso e leva-nos para memórias que nem sempre sabemos se aconteceram ou foram só desejo. Mas volto lá, todas as noites. Sempre ao mesmo lugar: tu.
Somos isso. Dois em um. Adormecemos com o mesmo pensamento, acordamos com a mesma falta. O tempo passa, mas há sonhos que ficam e saudades que se agarram como tatuagens.
Mesmo longe, não se desiste do que se sente. Podemos largar muita coisa, mas não largamos o que realmente nos preenche. Sentir dá sentido. Faz-nos respirar mais fundo, manter a chama acesa.
E se me perguntares se daqui a mil anos ainda vou sentir o mesmo? Sim. Enquanto sentir, vou querer-te aqui.
A noite chega e tu voltas. No pensamento, no peito, no corpo que pede o teu. Vou dormir a sonhar contigo. Vou dormir a querer-te ao meu lado. E se sonhares comigo também… então talvez não estejas assim tão longe.

• Filipe Miguel