Há lugares que não são nossos… mas sentimos como se fossem. Porque é lá que nos reencontramos, onde respiramos fundo e voltamos a juntar os pedaços. É nesses cantinhos do mundo que recarregamos forças para continuar.
Mas às vezes, esse lugar… é um olhar.
Sim, um simples olhar pode dizer tudo. Pode acalmar-nos, proteger-nos, e ao mesmo tempo dar-nos asas. É ali, no fundo dos olhos de alguém, que muitas vezes começamos a entender o que sentimos — e até o que nunca tivemos coragem de dizer.
A cumplicidade nasce muitas vezes no silêncio. Num gesto, num olhar demorado, num sorriso meio escondido. Há olhares que falam mais alto do que mil palavras.
O olhar mais bonito é aquele que não precisa de ser explicado, porque se sente. É o que se vê com o coração — aquele que reconhece a alma do outro mesmo sem saber como.
Há olhares que desarmam. Que nos leem por dentro e descobrem tudo o que escondemos. Arrepiam. Mexem connosco. Dão-nos borboletas no estômago só de os recordar. E, por segundos, fazem-nos esquecer o mundo.
São olhares que iluminam. Que aquecem os dias e acalmam as noites. Que nos fazem acreditar — no amor, na vida, nas segundas oportunidades.
E quando encontramos um olhar assim, que nos prende e nos faz vibrar por dentro… é impossível fingir que nada aconteceu. Porque há brilhos nos olhos que nos tocam de forma tão profunda, que mudam tudo.
O teu olhar, por exemplo… tem cor de céu e sabor a recomeço. Prende-me, mexe comigo, dá-me vontade de viver tudo de novo. E sim, há pecados que merecem ser cometidos — como esse de me perder em ti, vezes sem conta.
Que nunca se apague o arco-íris que brilha nos teus olhos.
Porque é essa luz que me guia, me faz delirar, sonhar, e até perder o fôlego.
E se um dia, o teu olhar cruzar o meu… que brilhem as estrelas.
Que se abracem os mundos.
E que se diga, sem palavras: “Fica.”
Porque há olhares que sabem falar.
E há almas que se reconhecem num simples piscar de olhos.
- Filipe Miguel

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