Filipe de Luar

Às vezes só me apetece fechar os olhos e puxar-te para dentro do meu pensamento, quando não estás por perto. Há dias em que tudo o que queria era ter-te aqui, agora, no sofá — esse teu ombro que sabe ser porto seguro quando tudo lá fora está virado do avesso.
É ali, naquele canto do sofá, que encontro paz. Um lugar onde posso encostar-me, respirar fundo e simplesmente estar. Não é só conforto, é mais do que isso — é abrigo. É onde tudo abranda. É onde o mundo faz sentido.
Quando te deitas ao meu lado, quando as tuas mãos descansam no meu peito, e os teus olhos se fecham devagar, o tempo parece parar. Deixa-me ficar assim… só mais um bocadinho. Deixa-me afagar-te o cabelo enquanto te sussurro que este é o nosso lugar — o nosso cantinho mágico. Um espaço onde partilhamos silêncios, pipocas, gargalhadas e até aquele filme que nem vimos porque estávamos demasiado ocupados a viver o nosso.
Há sofás que guardam histórias. O nosso guarda momentos. Guarda toques, olhares, segredos contados ao ouvido e sonhos que se dizem baixinho. Às vezes, o sofá é tudo. Às vezes, o sofá é casa. Se ele falasse, contava coisas que nem o tempo consegue apagar.
Hoje só queria isso: sofá, lareira acesa, manta até ao pescoço e um copo de vinho a meio. E tu, claro. Sempre tu.

• Filipe Miguel