
Em tempos de ausência, a saudade envolve-me como um manto invisível e pesado. Os dias tornaram-se longos e silenciosos, como se o tempo tivesse parado e a vida ficado suspensa. A nostalgia bate-me à porta com frequência, recordando-me que o teu lugar permanece vazio, que o teu riso já não ecoa e que os teus passos já não cruzam os meus.
Sinto-me rodeado por uma solidão fria, quase cinzenta, que se entranha na alma. Cruzaste o meu caminho, mas nunca chegaste a ficar de verdade. Entraste sem aviso e partiste sem explicação, deixando para trás palavras que nunca foram ditas e sonhos que ficaram por cumprir. A tua ausência pesa-me no peito, transformando os dias em desafios e as noites em eternas companheiras de silêncio.
Cada amanhecer sem ti é um teste à minha resistência. O sorriso escapa-se-me, a luz desvanece, e o coração sente-se vazio, como se faltasse um pedaço essencial. O amor que carrego por ti vive agora distante, feito de memórias e ecos perdidos dentro de mim.
À noite, procuro-te nas estrelas. Escolho a mais brilhante e é nela que deposito os meus pensamentos. Converso contigo em silêncio, imagino-te ao meu lado, a partilhar segredos e gargalhadas. O teu perfume ainda vagueia pelos cantos da casa, e o som da tua voz, gravado na memória, conforta-me nos dias mais difíceis.
Viver sem ti tornou-se um constante exercício de superação. Quando o amor se afasta, o caminho perde cor, perde brilho. Mas é na própria saudade que encontro a força para seguir. Descubro, devagar, que existe luz dentro de mim. Uma luz capaz de iluminar até os momentos mais escuros. E é com ela que vou aprendendo a renascer, a sorrir, e a acreditar que, mesmo longe, um amor verdadeiro nunca desaparece por completo.
- Filipe Miguel
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