Filipe de Luar

A saudade tem vida própria, é uma presença silenciosa que se instala no peito e molda os dias. Assume formas distintas: ora é uma ferida aberta que teima em não sarar, ora é um calor suave que envolve memórias preciosas. Em qualquer das formas, é impossível ignorá-la.
Carrego comigo um eco profundo, um vazio que se preenche com lembranças. São rostos, vozes, instantes que ficaram gravados na alma. A saudade dói, mas também recorda que houve tempos de felicidade, de partilhas inesquecíveis. Mesmo na ausência, a presença daqueles que amamos permanece viva dentro de nós.
Hoje, sinto-a com mais intensidade do que nunca. A tua ausência pesa-me, e cada pensamento em ti transforma-se num sussurro insistente. As lágrimas deslizam, não apenas pela falta que me fazes, mas pela imensidão do que significas para mim. Anseio pelo toque, pelo abraço que outrora foi meu refúgio. Fecho os olhos e quase posso sentir-te aqui.
O silêncio à minha volta amplifica essa falta, tornando cada instante uma viagem pelos momentos que partilhámos. E, ainda que a saudade me fira, também me dá forças para continuar. Ela mantém vivos os laços que o tempo não pode apagar.
Há dias em que a saudade é avassaladora, preenche cada canto do meu ser. O desejo de estar contigo é intenso, como se a distância entre nós fosse apenas uma ilusão. Sinto que me chamas, e o teu nome ressoa dentro de mim. Pergunto-me: também sentes esta falta? Será que, do outro lado do tempo e do espaço, também te recordas de mim assim?
É amor? É a necessidade de te ver, de te ouvir, de tocar a tua pele? Tudo isso e mais. A saudade é esse desejo ardente de reencontro, essa busca incessante por um lar que só encontro em ti. És o meu porto seguro, o abraço onde tudo faz sentido, a presença que acalma o turbilhão do mundo.
A saudade é um oceano imenso, e nos dias mais serenos, transforma-se em história. Sonho contigo com tanta nitidez que quase posso sentir o teu perfume, o calor das tuas mãos. Cada recordação é um fio que tece os meus sonhos, preservando fragmentos de ti que nunca se apagam.
Ela nunca desaparece, como o sol que se esconde apenas para renascer. E em cada saudade, há um novo começo. Porque amar é isso: sentir a presença mesmo na ausência, carregar no peito uma certeza inabalável. Vamos viver intensamente, com coragem, porque a saudade é amor transformado em eternidade.

• Filipe Miguel