Filipe de Luar

Algo a distraiu, ela está a olhar para baixo, quem lá está que a faz entornar o copo de vinho?
E se o amor fosse vinho e a gente pudesse saborear devagarinho? O coração ficaria pulando, a alma dançando, as palavras na boca faltando. O beijo seria um gosto doce de amor sentido com tanto carinho. Vinho, beijos e amor devagarinho, claro.
Pinga barata não é para o teu paladar, saboreia-me a pele e deita fora o corpo de deus. Já posso levantar a minha cabeça? Ou… ficamos assim?
Espero-te bebericando um copo de vinho! Na minha mente, um turbilhão de pensamentos de todas as vezes em que juntos saboreamos o néctar dos Deuses! Aguardo-te, mas não sei se vens!
Se não vieres dentro de dois segundos o amor vai derramar-se, o meu corpo vai engelhar-se e o resto também. Se não vieres liga a música, preciso de companhia.
Saboreia esta vida comigo. Traz todo o teu carinho, todo o teu amor, não te esqueças de nenhuma bagagem.
Vem com jeitinho, mas de rompante, que eu cá te espero meio desajeitado, meio bagunçado, absolutamente preparado para te encarar.
Onde vais? Não fujas! Vem ter comigo.
O vinho ou eu? Ou porque não os dois! Não te sintas tentada a escolher. Oportunidades assim não se desperdiçam! Por isso toma às duas até à última gota, foste o anjo que sempre quis que ficasses todas as noites, o corpo que desejei degustar, mulher que aprendi a amar, abraços que senti, lábios que beijei, corpo que abracei, toque do teu sabor, alma que perdi, coração que parti, chance que perdi, aquilo que desejei ensinar o meu coração a viver sem ti.
Espero(te)
Há dias que só me apetece bater-te, outros em que nem consigo imaginar passar sem o teu beijo, o teu cheiro. Bater-te? Não. Em mim que por mais que saiba que me alteras os sentidos tal como o vinho, não consigo deixar de te beber.
E se a vida fosse só este minuto? Este minuto em que te espero e te anseio e quero que passe logo, para que tu já estejas e seja este amor maior e mais doce do que o melhor dos vinhos. O mais apurado, o mais etéreo, o mais delicado.
Ainda sinto os teus lábios no meu corpo com sabor de vinho doce! Bebe-me mais um pouco.
“In vino veritas”.

• Filipe Miguel

AMORES CLANDESTINOS
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