Anúncios
Anúncios

O Peso do Silêncio e a Esperança na Escuridão

O peso do silêncio envolve-me, denso e implacável, como se cada palavra não dita aguardasse o momento certo para se soltar. As saudades apertam o meu peito, numa melodia lenta e melancólica que ecoa por entre esta paisagem desbotada. O tempo parece suspenso, prisioneiro de uma angústia persistente que se cola a cada um dos meus passos.
O caminho à minha frente estende-se sinuoso, interminável. Os meus pensamentos dançam em espirais de cores vibrantes, mas são apenas vestígios de um sonho que se desfaz ao toque da realidade. A música preenche o ar, mas hesita em atingir a minha alma, como se houvesse uma barreira invisível a impedir que as notas ressoassem dentro de mim. Os sorrisos que outrora surgiam sem esforço agora parecem ensaiados, tremendo como folhas que se entregam ao capricho do vento.
As paredes que me rodeiam são de um branco gélido, pálido, sem a menor centelha de vida. Absorvem a luz, deixando o espaço impregnado de um vazio que ecoa em silêncio. Perco-me em devaneios que me arrastam para lugares sombrios, onde sentimentos turvos se entrelaçam, pesando sobre mim. O sono, já tão raro, é assombrado por memórias que se recusam a partir.
Carrego histórias densas, reais e pesadas, como grilhetas invisíveis que me mantêm aprisionado. Ainda assim, a esperança persiste, teimosa, a germinar dentro de mim. Por mais que a escuridão me envolva, uma luz distante brilha, fraca, mas constante. E sei que um dia, em breve, desprender-me-ei destas amarras e voarei para um lugar onde as saudades se dissipam, onde poderei, finalmente, ser livre.
Este caminho é agreste, repleto de sombras e incertezas, mas recuso-me a sucumbir. A esperança caminha ao meu lado e, juntos, encontraremos a saída para a luz.

  • Filipe Miguel
Anúncios

Deixe um comentário