Filipe de Luar

No Carnaval, o mundo veste-se de festa e transborda alegria. Durante três dias, a rotina cede lugar à magia, e cada rua transforma-se num palco onde a vida dança ao compasso da celebração. Sob o brilho das máscaras e das serpentinas, dissolve-se qualquer resquício de melancolia, abrindo espaço para uma energia contagiante que une todos num só espírito de comunhão.
As ruas pintam-se de cores vibrantes, os risos ecoam como sinfonias e o tempo parece suspender-se para dar lugar à folia. É uma oportunidade única de libertação, onde cada um pode ser quem quiser, sem amarras ou convenções. As preocupações do dia a dia desvanecem-se, e no seu lugar surge uma euforia que se espalha por cada canto da cidade. Entre confetes e abraços, vive-se a plenitude do momento presente.
O Carnaval é um convite à imaginação, um espetáculo efémero onde todos são protagonistas. As fantasias dão forma aos sonhos, e os corpos entregam-se ao ritmo frenético da dança. Cada olhar reflete cumplicidade, cada gesto carrega uma promessa de felicidade. Por alguns instantes, a realidade é deixada para trás, e um novo mundo ganha vida, feito de brilho, ousadia e liberdade.
Entre marchas e sambas, canta-se a alegria de viver. O compasso acelerado das baterias embala multidões, e os pés, incansáveis, acompanham a melodia que parece nunca ter fim. É um ciclo que se repete ano após ano, mas que nunca perde a sua intensidade. Afinal, o Carnaval não é apenas uma festa, é um estado de espírito, um manifesto de leveza e celebração.
Que esta explosão de cores e sorrisos inspire-nos a carregar a essência do Carnaval para além dos seus dias oficiais. Que possamos cultivar a mesma leveza nos nossos gestos diários, encontrando na partilha e na alegria os verdadeiros motivos para celebrar. E que, quando as máscaras forem guardadas e os confetes desaparecerem, reste em nós a certeza de que a vida, quando vivida com paixão e entrega, pode ser um eterno Carnaval.

• Filipe Miguel