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Memórias que Nunca Morrem

A noite estava serena, envolta num silêncio quase sagrado. A luz pálida da lua atravessava as copas das árvores, projetando sombras que dançavam suavemente sobre o chão. Fechei os olhos e deixei que os meus pensamentos corressem livres, como um rio que desliza sem resistência pelo seu leito. Naquele instante, não importava o tempo, nem o destino, apenas a sensação de estar ali, entregue ao momento.
Um aroma delicado envolvia o ar, como uma brisa perfumada que me trazia recordações distantes. Teria sido um cheiro esquecido ou apenas um eco de algo que já tinha sentido antes? A dúvida pairava no ar, mas não havia necessidade de respostas. Apenas a certeza de que certos perfumes têm o poder de nos transportar para lugares onde as palavras tornam-se desnecessárias.
Um vento fresco ergueu-se de repente, como um abraço invisível que me envolvia por completo. Havia nele um calor inesperado, um conforto que parecia sussurrar promessas de paz. E, por um breve momento, tudo parecia certo. Mesmo sabendo que o mundo está sempre a mudar, permiti-me acreditar que aquela sensação podia durar para sempre.
Quando abri os olhos, um arrepio percorreu-me. O medo de despertar para uma realidade diferente tentou instalar-se, mas logo foi substituído por algo mais forte. Diante de mim, numa dimensão invisível, mas palpável, estava a essência do que realmente importa. A lembrança viva do que foste, a presença que nunca desaparece, o reflexo de momentos que permanecem eternos.

  • Filipe Miguel
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