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Depois da Tempestade, a Esperança

Lá fora, o vento sopra, arrancando folhas das árvores e empurrando as ondas contra as rochas com uma fúria descontrolada. O céu, pintado em tons de cinza, parece um reflexo da tempestade que também habita dentro de mim. O sol, tímido e distante, esconde-se atrás do véu pesado das nuvens, como se tivesse medo de iluminar este dia sombrio.
Dentro do meu quarto, escondido sob a escuridão, carrego um peso invisível. A tristeza espalha-se como um nevoeiro denso, infiltrando-se pelos cantos da alma. O silêncio é ensurdecedor, e a saudade aperta-me o peito, uma sombra persistente que me acompanha a cada batida do coração. Mesmo rodeado de gente, sinto-me só. A ausência daqueles que amo é um vazio difícil de preencher, uma ferida que o tempo insiste em não sarar.
Por vezes, há instantes de calma, como se o próprio universo suspendesse a respiração. Mas logo a inquietação volta, um turbilhão de emoções que se agitam dentro de mim como as marés em fúria. Olho pela janela e vejo o mundo refletir o que sinto: árvores retorcidas pelo vento, ondas que se quebram na costa numa ânsia de liberdade, o caos e a beleza entrelaçados num mesmo instante.
Há dias em que a esperança parece um eco distante, um sonho que ameaça desvanecer-se. Mas recuso-me a desistir. Sei que as tempestades não duram para sempre e que, por trás das nuvens, o sol continua à espera do momento certo para brilhar. Agarro-me a essa certeza como um náufrago a um pedaço de madeira, porque acreditar que a luz voltará é o que me mantém de pé.
Caminho com fé, passo a passo, esperando que, um dia, a vida volte a ser feita de risos e abraços, e que a alegria reencontre o caminho de volta ao meu coração.

  • Filipe Miguel
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