
Fecho a janela, deixando o ar fresco envolver-me. A noite avança, e o frio instala-se, arrepiando-me a pele e a alma. Lá fora, a chuva cai num compasso ritmado, uma melodia melancólica que embala os meus pensamentos. As gotas deslizam pelo vidro, enquanto o vento sopra ferozmente, espalhando folhas e lembranças.
O rio corre turbulento, como se refletisse a inquietação dentro de mim. O seu fluxo impetuoso ecoa o meu coração acelerado, incapaz de encontrar sossego. Os trovões ribombam ao longe, anunciando a tempestade que se aproxima. Cada relâmpago rasga a escuridão, iluminando por instantes a incerteza que me envolve.
Os cães uivam, partilhando o meu receio, e sinto-me pequeno diante da força da natureza. O medo cresce na penumbra, tornando-me refém dos meus próprios pensamentos. Fecho os olhos e sussurro uma prece silenciosa, ansiando por tranquilidade. Agarro os segundos que escorrem pelos dedos das mãos, desejando que a tempestade leve consigo as inquietações que carrego no peito.
Aninho-me nos cobertores, buscando refúgio no calor do desejo de paz. Sei que, apesar da fúria desta noite, o sol voltará a brilhar. A tempestade passará, e com ela virá a promessa de um novo dia, repleto de luz, esperança e magia.
- Filipe Miguel
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