
Se pudesse comandar o tempo, detê-lo a meu bel-prazer, talvez tudo fosse diferente. Imagino-me a apagar momentos de dor, a varrer as lágrimas que deixaram marcas na pele e na alma. Tic… Tac… Tic… Tac…
Mas o tempo, impiedoso, segue o seu curso, empurrado pelo vento que sussurra entre as árvores e se dissipa pelas ruas. Por vezes, parece brincar comigo, desviando-se, desacelerando, só para logo depois retomar a sua corrida implacável. Tic… Tac… Tic… Tac…
Aprendo, pouco a pouco, que não posso vencê-lo. Os minutos e as horas dançam num ritmo desenfreado, sem pausas nem tréguas. A saudade cresce, enraizando-se nas memórias que me envolvem como um perfume esquecido, trazendo de volta risos e lágrimas entrelaçados no passado.
Um dia, iludo-me com a ideia de prender o tempo, guardá-lo entre os dedos como se fosse um tesouro raro. Mas sei que ele continuará a fluir, indiferente, pulsando em sintonia com o meu coração, ecoando na minha alma. Tic… Tac… Tic… Tac…
E assim, entre o desejo de reter o efémero e a aceitação do inevitável, sigo adiante, entre a espera e a lembrança.
- Filipe Miguel
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