
Embarco num frágil barquinho de papel, determinado a alcançar-te. Vejo-o flutuar sobre as ondas, leve e teimoso, enquanto navego para pintar o nosso amor numa tela suave, em tons pastel. Cada pincelada contará a nossa história. Que o vento me guie sem piedade, encurtando o caminho até ao nosso reencontro. Sinto a brisa no rosto, o aroma salgado do mar a encher-me os pulmões. Anseio pelo momento em que este pequeno barco me leve ao teu jardim, onde as cores da primavera são eternas. Espero encontrar-te de braços abertos, a sorrir como só tu sabes, pronto para apagar a distância com um abraço. Que os teus lábios sejam precisos quando os nossos olhares se cruzarem e a saudade finalmente se dissipar. Que este vasto mar, feito das lágrimas que derramei, não nos separe. Cada gota de sal é a memória de um dia sem ti, a ausência que instalou no peito desde que esta saudade me empurra incansavelmente na tua direção.
- Filipe Miguel
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