Filipe de Luar

Por mais que tente, insista e me esforce para mudar, há uma verdade incontestável que não consigo ignorar: não consigo acenar-te um adeus, não consigo deixar-te partir. O tempo, esse incansável viajante, pode levar-te para longe, e a ausência pode tornar-se uma sombra persistente, mas eu continuarei a procurar-te, entre as linhas de um verso que li, como se fossem os teus próprios passos que sigo.
Não, não te deixarei voar para longe. No meu peito, estás tatuada com a intensidade de uma marca indelével, e no meu coração, ficaste gravada de forma profunda e irreversível. Enquanto a saudade persistir e o mar da memória se estender infinitamente, não te direi adeus. Que venha qualquer tempestade, que toda a cidade se dissolva nas brumas do esquecimento; eu implorarei a qualquer divindade que me permita permanecer nas recordações, maravilhado pelos teus abraços que, num passado iluminado pela luz do luar, um dia me ofereceste.
Podia simplesmente deixar-te ir, aceitar a inevitabilidade da distância e do tempo. Mas, honestamente, não conseguiria. Nunca conseguiria deixar-te ir.

• Filipe Miguel

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