
O sol entrava pela janela, desenhando linhas douradas no chão de madeira. A sala estava silenciosa, apenas o som do vento a brincar com as folhas lá fora preenchia o espaço. Sentados no sofá, olhámos um para o outro, cada um a carregar o peso das suas memórias.
— O passado já foi — disse eu, quebrando o silêncio. — Não podemos viver num lugar que já não existe.
Ela baixou o olhar, os dedos a mexerem nervosamente no tecido do sofá. — Mas como é que se deixa para trás algo que nos marcou tanto?
Toquei-lhe na mão, com cuidado. — Não é esquecer. É aprender. O passado ensina-nos, mas não podemos deixar que ele nos prenda. É no presente que podemos mudar, viver e ser felizes.
Ela respirou fundo, tentando absorver as minhas palavras. — Às vezes parece que estou presa, como se os erros do passado me segurassem.
— Todos nos sentimos assim em algum momento — respondi, com um sorriso leve. — Mas os obstáculos existem para os ultrapassarmos. Cada queda ensina-nos a levantar. E cada passo em frente é uma prova de força.
Os olhos dela começaram a brilhar, como se uma nova esperança estivesse a nascer. — Então o segredo é viver o hoje, não é?
— Exatamente. O passado não muda, e o futuro é um mistério. Mas hoje… hoje temos a oportunidade de fazer diferente. De construir algo novo.
Ela sorriu, um sorriso tímido, mas cheio de determinação. — Então vou fazer isso. Vou aproveitar cada momento.
— É isso. Vivamos o presente. Amemos, sonhemos, e sejamos felizes.
E ali, naquela troca de olhares, soubemos que era possível seguir em frente.
- Filipe Miguel
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