
Sentados no café que tantas vezes nos acolheu, o aroma do café fresco envolvia-nos. O final de tarde pintava tudo com uma luz dourada que entrava pelas janelas grandes, desenhando sombras suaves nas mesas. O lugar parecia estar em paz, como se soubesse que aquele momento era importante.
Olhei para ti. Os teus olhos brilhavam com uma intensidade que me prendeu. Seguraste a minha mão com delicadeza e começaste a falar. A tua voz, tranquila e doce, tinha algo de especial que me fez esquecer o mundo lá fora.
— Escrever poesia, — disseste, com um sorriso que parecia um segredo partilhado, — é como ter um romance com as palavras.
Fiquei a escutar-te, sem interromper. Cada palavra tua parecia dançar no ar.
— É como olhar para uma palavra e ficar encantado com a sua beleza, — continuaste, apertando levemente a minha mão. — Mas é no seu significado que encontramos o verdadeiro amor.
Assenti, absorvendo cada palavra. A tua paixão era contagiante.
— Cada verso, — disseste com os olhos brilhantes, — é como um abraço. É querer que ele chegue a outros corações e os toque de uma forma especial.
O meu peito encheu-se de calor. A tua descrição era tão simples e tão verdadeira que parecia impossível não ser tocado por ela.
— É assim que a poesia nos transforma, — concluíste, olhando-me com ternura.
Saímos dali, mas aquele momento ficou connosco, como uma lembrança que não desbota. Naquele café, percebi que a poesia, como o amor, tem o poder de unir, de transformar e de nos mostrar o melhor de nós mesmos.
- Filipe Miguel
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