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O Que Fica por Dizer

Houve um dia em que as palavras me faltaram. Estavam lá, presas na garganta, como se tivessem medo de sair. Sentia o peso do silêncio, como se carregasse uma pedra no peito. Lágrimas corriam pelo rosto, e o coração parecia falar através delas. Não havia som, apenas uma dor que parecia maior do que o próprio mundo.
Lembro-me de olhar para o horizonte, onde o céu se fundia com o mar. O vento trazia o cheiro da maresia, fresco e salgado, enquanto o sol se escondia devagar. As cores do entardecer eram como um quadro, mas nada disso conseguia apaziguar o que sentia. Era como se cada palavra guardada tivesse ganhado peso, impossibilitando libertar o que precisava dizer.
Perguntei-me, “Para onde vão estas palavras que não saem? Será que se perdem? Ficam na alma, a remoer o que não foi vivido?” Por momentos, parecia que nunca encontrariam o seu caminho, que ficariam presas, a transformar-se em memórias que deixariam saudades.
Mas uma coisa aprendi: o que não dizemos não desaparece. Fica lá, a pedir para ser libertado. E quando finalmente temos coragem, pode já ser tarde. A pessoa pode não estar lá para ouvir, o momento pode ter passado.
Por isso, se amas, diz. Se sentes saudades, diz. Não deixes que o medo te roube a oportunidade de ser sincero. Porque o tempo não espera, e quando percebemos, o que ficou por dizer pesa mais do que qualquer arrependimento.

  • Filipe Miguel

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