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O Sol da Saudade

Não sei onde guardar o sol que trouxe da praia, esse brilho quente que ainda me acaricia a pele e que, por momentos, parece prolongar-se dentro de mim. Não sei onde esculpir o tempo que me resta, esses minutos preciosos que passam como ondas, até que a luz da lua, com o seu brilho prateado e quase etéreo, te distraia e me faça lembrar da tua presença.
A saudade jaz na calçada, como uma sombra que se estende ao sabor do vento, trazendo os teus passos até à minha porta. É um eco dos momentos passados, que ressoam nas paredes da casa, onde, de olhos fechados, me deixei perder. Na escuridão da noite que se aproximava, solene e silenciosa, consegui imaginar o calor do teu corpo, que se refugiava em mim, como se fôssemos um só.
Já não consigo ser toda a quantidade que habita em mim; as palavras dançam na minha mente, mas não consigo encontrá-las. Escrevo-me, mas o papel permanece em branco, como se as letras se escondessem de mim. Na luta constante entre o que sou e o que sinto, percebo que sou apenas a metade que anseia pela outra.
Tu, que completas o espaço vazio dentro de mim, és o momento inteiro que me faz falta. Não sou quem me escrevo, mas sim tu, quem me lês, que me faz sentir vivo, mesmo quando as palavras falham.

  • Filipe Miguel

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