vida
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A vida não pára.Segue sempre, mesmo quando nós ficamos ali, presos nas memórias que não desbotam.As paixões que nunca aconteceram continuam intactas, como se esperassem a nossa coragem.As amizades que deixámos pelo caminho ficam guardadas num canto qualquer do peito, não desaparecem, só ficam à espera de um reencontro que talvez nunca venha.E não, não
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Um dia decidi meter-me à conversa com o Tempo.Assim, sem aviso. Perguntei-lhe porque é que ele andava sempre a correr.Ele nem pensou duas vezes:— O importante é amar. Viver sem te sentires sozinho. O resto passa.E eu, teimoso, continuei com a mesma dúvida atravessada:— Mas porque é que a vida é tão rápida?O Tempo soltou
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Durante quase cinquenta anos, parecia que tudo tinha adormecido. Um sono pesado, daqueles que fecham portas por dentro e deixam o mundo à espera. Mas o sonho, teimoso, resistente, quase teimosia de criança, recusou morrer. Meio partido, meio cansado, levantou-se. Respirou fundo. E voltou.Explodiu como um vulcão que esteve demasiado tempo calado. Arrombou a porta,
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Já não encontro no teu olhar aquilo que sempre pedi. Já não vejo paz, nem carinho… muito menos amor. A chama que antes me aquecia? Apagou-se. E agora, quando te olho, só encontro dor, aquela que finge que não existe, mas pesa.Já não encontro nos teus braços o meu lugar seguro. O amparo desapareceu, o
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Entre letras que se alinham como quem soletra segredos, encontro o meu refúgio. São elas que me embalam nas horas soltas, que me enchem por dentro quando o silêncio pesa. E quando a angústia aparece, é a palavra que me salva, distrai, consola, inventa mundos.Mas há vontades que ficam suspensas, como se o destino lhes
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Estava sentado à beira-mar, naquela noite em que o céu parecia ter sido pintado só para mim. As estrelas piscavam lá em cima, e cá em baixo as ondas vinham pousar na areia como quem deixa segredos escondidos. Tudo brilhava. Tudo respirava paz. E eu, ali, solto, leve como uma pena, deixei a imaginação levar-me








