Luz
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Durante quase cinquenta anos, parecia que tudo tinha adormecido. Um sono pesado, daqueles que fecham portas por dentro e deixam o mundo à espera. Mas o sonho, teimoso, resistente, quase teimosia de criança, recusou morrer. Meio partido, meio cansado, levantou-se. Respirou fundo. E voltou.Explodiu como um vulcão que esteve demasiado tempo calado. Arrombou a porta,
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Lá fora, o vento sopra, arrancando folhas das árvores e empurrando as ondas contra as rochas com uma fúria descontrolada. O céu, pintado em tons de cinza, parece um reflexo da tempestade que também habita dentro de mim. O sol, tímido e distante, esconde-se atrás do véu pesado das nuvens, como se tivesse medo de
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O teu sorriso era o meu amanhecer, um raio de luz que dissipava a escuridão das minhas noites. Sempre que abria os olhos, lá estavas tu, com esse brilho que fazia tudo parecer mais leve. O teu abraço envolvia-me, quente e seguro, como um abrigo contra o frio do mundo. Mesmo quando eu tentava afastar-me,
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Eu só quero um lugar ao sol!Quero um lugar onde eu possa ser eu, onde tu possas estares, onde nós podemos existir.Quero um lugar onde eu possa estender a toalha do amor, brindarmos à nossa cumplicidade.Não quero mais este lugar cinzento, sombrio, tempestuoso.Quero um lugar ao sol, onde a minha timidez não me acompanhe, onde
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A chuva cai lá fora. Por vezes sou como este tempo, carrego a chuva, as tempestades, os vendavais dentro de mim, mas também acompanho o sol, a lua, o azul do céu…O sol parece ter tirado férias. Não sei se será da chuva ou da falta do sol que pareço caminhar num estado desolador, aprisionado
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Fecho a janela, deixando o ar fresco envolver-me. A noite avança, e o frio instala-se, arrepiando-me a pele e a alma. Lá fora, a chuva cai num compasso ritmado, uma melodia melancólica que embala os meus pensamentos. As gotas deslizam pelo vidro, enquanto o vento sopra ferozmente, espalhando folhas e lembranças.O rio corre turbulento, como
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Sinto-me que nem este tempo. Uma enorme tempestade, tempo cinzento, sem porto de abrigo. E ainda dizem que o tempo não tem influências.Porque é que o sol não pode brilhar todos os dias? Existem dias que temos de mau tempo, não que haja razões para tal, mas existem. Quero de volta o sol, bom tempo,
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O amor… Ah, o amor! Se alguém pudesse explicar, talvez tudo se tornasse mais claro. Ele reside nas calçadas antigas, onde os nossos passos ecoam memórias vivas. Está na água pura que jorra da fonte, dançando em cascata, refletindo a luz solar e dando vida a cada gota. Nas ondas que embalam o mar, o
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Os dias arrastam-se lentamente, como se deslizassem sorrateiramente num imenso palco de silêncio. Cada gesto, cada passo, é uma dança delicada que conta a minha história. Já se passaram dias desde o diagnóstico, que ressoou como uma sentença. Foi como escutar o eco de uma tempestade ameaçando a tranquilidade do meu mundo. Os minutos seguintes





