Filipe de Luar
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Se sentes a alma a fervilhar, se o sono te foge mas os sonhos continuam vivos, relaxa: isso é sinal de que algo gigante está a caminho. Só quem tem espírito grande carrega essa vontade louca de acordar para mais. São chamados à luz, mesmo quando o mundo não os percebe; porque nasceram diferentes.Essas almas
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Nas margens do meu rio, bebi sombras e silêncio. Olhei os peixes a dançar nas correntes e perguntei: “Qual é o truque da vida eterna?” Eles riram, devolveram-me caretas sarcásticas. E eu percebi: até o infinito tem prazo de validade.Nas margens do meu rio, tentei levantar voo. Asas partidas, penas negras a cair no chão.
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O vento frio atravessa a rua e leva consigo as folhas queimadas do outono, espalhando-as como memórias que já não voltam. Entre nuvens pesadas, o sol tímido insiste em brilhar, iluminando a neblina com uma luz suave e melancólica.Nos céus, bandos de pássaros desenham caminhos invisíveis, celebrando o dia com o seu canto leve, que
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Não sei bem onde estou, nem tenho certezas sobre o destino. Só sei que sigo em frente. Vou porque quero, vou porque sou, e ser é já razão suficiente para continuar.Olhar para trás não resolve nada. O caminho constrói-se com determinação, e eu avanço fiel às minhas convicções. Sem elas, não passo de sombra perdida,
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As palavras são como sopros invisíveis que atravessam o ar e se instalam em nós, leves ou pesadas, doces ou cortantes. Trazem consigo a força de criar e de destruir, de erguer pontes ou de as reduzir a cinzas. Há palavras que chegam sem aviso, como folhas levadas pelo vento, e outras que são lançadas
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Os sonhos chegam como fragmentos soltos: imagens que se repetem, palavras que ecoam até se dissolverem no silêncio. As noites passam inquietas, suspensas entre realidade e devaneio, enquanto o corpo procura descanso e a mente insiste em inventar mundos paralelos.Há descrições ricas, quase palpáveis, mas sempre atravessadas pela ilusão. Nos sonhos acreditamos no que não
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Eternos são os momentos que vivi contigo, tão intensos que as horas ardem e voam. Instantes que queimam por dentro e fazem o tempo perder o fôlego, deixando apenas o calor vivo do que ficou.Eternos são os teus beijos, brasas que permanecem depois da despedida. Sinto-os quando fecho os olhos; regressam em sabor, toque e
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Conta-me ao ouvido a tua história como se acendesses um fósforo: devagar, com o cuidado de quem sabe o que arde. Sei que traz espinhos; sei que, por vezes, te deixa em pranto. Diz-me onde te magoaste, onde cais e onde aprendeste a levantar sem pressas, sem cortes.Conta-me os dias pequenos e as noites grandes,
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Sonhei-te. Uma vez. Duas vezes. E depois mais vezes, tantas que a memória já não sabe contar. No teu braço pousavam os meus livros de escola como se fossem pequenos navios; na minha sacola, o teu lanche cheirava a manteiga e silêncio partilhado. Os nossos risos rasgavam a rua como vento em papel, e as





