O Natal chegou outra vez e com ele a correria do costume. Lojas a abarrotar, ruas cheias de luzes, gente a tentar encontrar “o presente perfeito” como se a felicidade viesse com etiqueta de preço. Mas, no meio deste caos todo, há uma pergunta que não me sai da cabeça: o que é que realmente importa?
Porque, sejamos sinceros, o embrulho rasga-se em segundos. O que fica é aquilo que damos de verdade. O presente mais bonito não é o mais caro, é o que vem do coração, aquele que não precisa de fita dourada para ser especial.
As luzes brilham, a árvore está no ponto, a mesa parece saída de um anúncio. Mas o Natal não vive disso. O que conta mesmo é o amor que se partilha, a união que nos junta, mesmo quando a vida insiste em afastar. E é impossível não pensar: porque é que só agora nos lembramos de ser melhores? De dar mais? De olhar para o lado? Isto devia ser regra, não exceção. O Natal devia durar o ano inteiro, não no calendário, mas no coração.
E, honestamente, este Natal já não tem aquela magia de antes. Falta qualquer coisa. Talvez a simplicidade. Talvez o tempo em que estar com quem amávamos era suficiente. Hoje tudo parece mais distante, mais desigual. Quem tem muito brilha ainda mais, quem tem pouco sente-se ainda mais pequeno. E a solidão… essa cresce no silêncio, mesmo rodeada de luzes.
Porque o Natal também é isto: festa para uns, vazio para outros. Há quem passe esta época sem família, sem abraço, sem alguém que pergunte “estás bem?”. Mas, mesmo assim, o espírito do Natal não desaparece. Ele vive dentro de nós, no amor que damos, no amor que recebemos, no amor que guardamos mesmo quando ninguém vê.
O Natal devia ser o espelho daquilo que conseguimos ser todos os dias: humanos, gentis, verdadeiros. Sem exageros, sem mostrar o que não somos, sem aquela hipocrisia de época. Dar amor devia ser hábito, não evento anual. A amizade, a paz, o carinho, isso sim, são os presentes que nunca passam de moda.
Por isso, que o Natal não seja só uma data bonita no calendário. Que seja um estado de espírito. Que a bondade não expire em dezembro. Que o amor não tenha prazo. E que, no fim de tudo, o Natal seja aquilo que sempre deveria ser: um sentimento profundo, honesto e vivo dentro de cada um de nós.


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