Dormi. E, sem dar por isso, comecei a sonhar. Acordei a meio, meio perdido, meio confuso… mas o sonho tinha sido tão real que quase me puxava de volta. E puxou mesmo. Fechei os olhos outra vez e, como quem entra por uma porta secreta, voltei a cair naquele mundo que não queria largar.
Era um lugar diferente de tudo. Um mundo sem reis, sem donos do mundo, sem fome, sem guerras, sem doenças, sem aquele fumo pesado que às vezes parece que nos aperta o peito. Ali o ar era leve, limpo, quase doce. Respirava-se como quem finalmente aprende a respirar a sério. E o mais incrível é que eu não estava sozinho. Havia pessoas como eu, gente que também sonhava, que também não queria acordar, que sentia que aquele lugar era demasiado bom para ser só imaginação. Era estranho, sim, mas era um estranho que fazia sentido. Só estando lá é que se percebia: a única ambição era não ter ambições. Era viver sem medo, sem limites, sem aquela pressão invisível que nos empurra sempre para qualquer lado.
Ali havia sempre um “além”.
Um horizonte novo.
Um caminho que chamava por nós.
A beleza estava em todo o lado: no ar que brilhava, no céu que parecia pintado à mão, no mar que sussurrava histórias, na natureza que nos segurava com uma leveza quase mágica. E eu podia pousar na espuma das nuvens, navegar com elas, deixar-me ir até onde o infinito começava. E, naquele instante, percebi: há sonhos que não são fuga, são convite. Convite para imaginar o mundo como podia ser. Convite para não termos medo de querer mais do que aquilo que nos dizem que é possível.


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