O teu olhar corta o mar como quem sabe exactamente para onde vai. Tem aquele silêncio atrevido, cheio de segredos escondidos nos cantos, medos que ninguém confessa mas que toda a gente sente. E eu fico ali, parado, a tentar perceber-te, como quem tenta decifrar um mapa antigo.
Não sei bem… Se te sonhei primeiro ou se te encontrei depois. Só sei que, naquele instante, o teu corpo parecia um navio perdido a cruzar o meu caminho, a abanar tudo o que eu achava que era certo. E agora vivo com esta saudade que não pede licença, só aparece e fica.
O meu olhar? É um barco teimoso, sempre a navegar nas ondas do teu corpo. É o silêncio onde guardo as palavras que nunca digo, o sítio onde pouso as mágoas para ver se passam. Mas é tudo a sonhar, porque às vezes o coração corre mais depressa do que a vida.


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