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Estrada da coragem

Esta estrada que percorro estende-se à minha frente como uma promessa sem mapa, não sei onde me vai levar. Às vezes enrola-se em curvas misteriosas, convidando-me a espreitar o que vem a seguir; noutras abre-se glamourosa, com passarinhos a cantar como se tudo fizesse sentido. Há troços frios, de asfalto duro e cinzento, onde o vento parece medir o meu passo; e há troços banhados de verde, frescos e leves como um pensamento que se deixa ficar.
A vida trouxe-me por aqui muitas experiências: quedas que ensinaram equilíbrio, encontros que ensinaram ternura, despedidas que ensinaram a seguir em frente. Aprendi tanta coisa que voltar ao início já não faz sentido, as mesmas perguntas e respostas já não cabem. Não procuro certezas neste caminho; procuro sinais, pequenas coisas que me façam sorrir. Se a primavera vier e a andorinha escolher este canto para fazer ninho, quem sou eu para dizer que não?
Se este é o melhor caminho? Talvez não exista um único melhor. Existe este, que é novo para mim, e eu vou começar tudo de novo com as mãos vazias e o coração aberto. Vou seguir sem medo do que possa encontrar quando a estrada chegar ao fim, curioso pelo que há-de vir, sabendo que recomeçar assusta e, ao mesmo tempo, é o plano mais verdadeiro que tenho.
Esta estrada não tem mapa, só vontade. Tem curvas, tem cinzento, tem verde e traz lições que não cabem no regresso. Se a andorinha vier, que faça ninho; eu sigo, sem certezas, com vontade de recomeçar.


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