O vento frio atravessa a rua e leva consigo as folhas queimadas do outono, espalhando-as como memórias que já não voltam. Entre nuvens pesadas, o sol tímido insiste em brilhar, iluminando a neblina com uma luz suave e melancólica.
Nos céus, bandos de pássaros desenham caminhos invisíveis, celebrando o dia com o seu canto leve, que se mistura com as gargalhadas despreocupadas das crianças. As flores, já pálidas e cansadas, recebem o orvalho como quem aceita um presente inesperado: pequeno, mas cheio de vida.
Os adultos caminham apressados, carregando dentro de si a calma e a ansiedade, como se o futuro fosse um jogo imprevisível que começa logo pela manhã. E eu, da janela, observo tudo. Essa beleza quase utópica que se revela diante dos meus olhos lembra-me que cada dia é apenas mais um instante que renasce.
Tudo passa como folhas de outono levadas pelo vento. E é nesse ciclo que encontro o paraíso: no simples milagre de acordar e perceber que a vida é feita de momentos que brilham e se desfazem, mas que, enquanto duram, são eternos.

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