Vejo, cá dentro, com olhos que quase ninguém vê, o nascer de algo novo. É como sentir que o amanhã já está a empurrar a porta, pronto para entrar. E, ao mesmo tempo, percebo que o agora se desfaz, muda de pele, respira diferente.
Ouço, com atenção, sinais estranhos, quase enigmas que pedem tradução. Mas também escuto, em murmúrios escondidos, o medo a tentar negar a noite longa que há muito se instalou.
Sinto, nas mãos gastas e vazias, o peso de um peito que luta para respirar no escuro. Seguro-me como posso, para não cair, enquanto o chão parece fugir debaixo dos pés. No meio da agitação, desperto cansado, consciente de que estas noites turbulentas ainda não se renderam.

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