Havia quartos vazios onde o silêncio pesava mais do que qualquer mobília. Ali viviam histórias desfeitas, beijos frios como pedra, nascidos de erros que nunca deviam ter acontecido. O tempo, implacável, roubava-lhes dias, sonhos e esperanças, deixando apenas frustrações espalhadas como cacos de vidro.
Foram aprendizes da vida, tropeçando, caindo, levantando-se. E, nesse caminho torto, encontraram-se. Duas almas que se encaixavam como se tivessem sido talhadas uma para a outra. Deitaram-se lado a lado em águas calmas, acreditando que a serenidade podia ser eterna.
Mas a vida não é feita só de calmarias. Abre portas e janelas para tempestades sem aviso. E quando os vendavais chegam, arrastam tudo: cais de tranquilidade, promessas, certezas. De repente, o que parecia sólido desmorona-se como areia entre os dedos.
Os beijos doces escaparam-lhes da boca. Planos frágeis, desenhados em papel, rasgaram-se no chão da desilusão. E aquele amor, tão forte, tão fértil, tão cheio de futuro, parecia capaz de mudar o mundo, mas não resistiu ao peso da própria intensidade.
Foi ao fundo. Cruel, quase irónico. Não aguentou a felicidade que prometia ser infinita. E o que resta agora são memórias: pedaços de um amor tão bonito que pareceu eterno, mas que hoje vive apenas no coração de quem o recorda.
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Quando tudo desmorona
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