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E se o desvio for o teu melhor destino?

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Não escolhi este rumo; não fazia parte dos meus planos nem do meu desejo. O tempo foi mudando o que eu acreditava imutável e deixou aqui o resto de mim, um pedaço que assentou sem avisar. No início custou aceitar a presença desta estrada inesperada, um desvio que não constava dos meus mapas e que rasgou os contornos do que eu tinha previsto.
Com o passar dos dias percebi que nem tudo se ajeita conforme sonhamos; os desejos não governam sempre o destino. Ainda assim, a mudança não é sinónimo de derrota. Há uma verdade simples que fui aprendendo: a ausência de um plano perfeito não impede a alegria. O que parecia imposição acabou por abrir espaço para outras formas de sentido e bem-estar.
Aqui, este lugar, tornou‑se chão e abrigo. Converteu‑se no sítio onde repousa o meu cuidado e onde concentrei o meu afecto. Não é resignação; é reconhecimento de um lugar que me acolhe. Aprendi a gostar disto até ao osso, a amar apenas isto com inteira verdade. Não ser infeliz não é render‑me ao acaso, é aceitar o que ficou e cultivar nele uma vida que vale a pena.
Não escolhi esta via, mas aceitei a escolha que me foi dada. Mudei a forma de olhar para o que ficou e descobri que o amor pode nascer daquilo que não planeámos. O tempo transformou expectativas em raízes; hoje sei que o meu ninho está aqui, firme, e que posso crescer mesmo quando o caminho foi outro.
Aceito, portanto, a minha presença neste lugar. Cuido dela com precisão e ternura. Respira‑se aqui um sentido que não compete com os velhos planos; complementa‑os. Vou vivendo com a clareza de que o essencial não é ter tudo como idealizámos, mas saber encontrar brilho e calor no que nos foi oferecido. É assim que se faz calma e coragem, é assim que se aprende a amar aquilo que ficou.

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