Conta-me ao ouvido a tua história como se acendesses um fósforo: devagar, com o cuidado de quem sabe o que arde. Sei que traz espinhos; sei que, por vezes, te deixa em pranto. Diz-me onde te magoaste, onde cais e onde aprendeste a levantar sem pressas, sem cortes.
Conta-me os dias pequenos e as noites grandes, os gestos que ninguém vê e as palavras que guardaste. Os teus lamentos têm raízes; deixa-os crescer até florescerem em lições. Além disso, lembra-me as pequenas vitórias: um sorriso recuperado, uma manhã em que respiraste fundo.
Não escondas o lado escuro. Por outro lado, não o faças maior do que é. Mostra-o, fala com ele, sossega-o com verdade. Só assim o brilho volta a ser teu. Prometo ouvir-te sem medir tempo; prometo acolher os teus segredos sem os transformar em peso.
Amo-te não por seres perfeita, mas por seres inteira, com medos, com desejos, com rugas de experiência. Se amanhã te perderes, eu espero; se hoje te calares, eu persisto. Sossega o teu medo com palavras, com gestos simples, com presença. Só depois de o acalmares te poderás amar de novo.
O amor é manhã de sol e, às vezes, noite cerrada. Ainda assim, aprende-se a caminhar nas sombras sabendo que a luz regressa. Às vezes vem devagar, outras arde e recomeça tudo. E quando a chama se espalhar, quando a tua história tocar outro peito, então saberás que valeu a pena contar.
Conta-me ao ouvido. Conta-me devagar. Conta-me para que eu guarde e partilhe, para que a chama ande de mão em mão. Porque as histórias que nos curam são as que se ousam dizer e as que se tornam fogo claro, impossível de apagar.

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Conta-me ao ouvido, devagar
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