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A vida passa num instante

O tempo não pede licença. Vai passando, silencioso, e no seu caminho arrasta uma brisa leve, mas carregada de memórias. É como aquele vento de fim de tarde que nos arrepia a pele e nos faz lembrar coisas que já não voltam.
Dentro dele viaja o peso de um abraço que ficou por dar, de uma voz trémula que se perdeu no eco e já não encontra o caminho de regresso. É estranho como certas ausências tornam-se tão presentes como se ocupassem espaço no peito.
Os lábios que um dia foram doces, agora secos, já não conseguem soltar as rimas que guardavas para nós. Palavras que poderiam ter sido ditas, ensinamentos que ficaram suspensos no ar, como folhas que nunca chegaram a cair da árvore.
A vida é breve, e basta um segundo para tudo mudar. Num instante, o que parecia sólido desfaz-se; o que era certo, evapora. É como areia a escorregar entre os dedos: quanto mais tentamos segurar, mais depressa foge.
O olhar carregado de dor, esse que parecia eterno, também se dissolve. O sofrimento, por mais pesado que seja, acaba sempre por se diluir como tinta na água, vai-se espalhando até desaparecer.
E no fim, sobra apenas uma frase simples, quase um sussurro cúmplice: “Porta-te bem.”


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