Filipe de Luar

Não gostes de mim só porque alguém te disse que talvez valesse a pena.
Não me queiras bem apenas porque o mundo à tua volta acha que combinamos.
Se estás perto, é porque te deixei entrar. Mostrei-te o caminho e esperei por ti.
Agora, antes de ficares, tenta perceber quem sou.
Vê como vivo, como respiro, como existo quando ninguém está a olhar.
E o que quero eu?
Algo muito mais forte do que um abraço apressado, mais verdadeiro do que um beijo fugaz, mais real do que um simples toque.
Quero que a tua existência invada a minha.
Que entres nos meus silêncios e plantes luz onde antes havia vazio.
Quero que me ocupes os espaços despovoados e faças casa dentro de mim.
Entende: sou apenas humano.
Erro e acerto, choro e rio, caio e levanto-me.
Sinto medo, mas também esperança. Vivo… mesmo quando parece que morro por dentro.
Aprendi que ninguém faz o seu caminho sozinho.
E por isso digo-te, sem rodeios: quero-te aqui.
Neste cantinho pequeno que preparo em silêncio para te receber.
Porque tu és o brilho que me falta, o impulso que move o meu corpo cansado, a luz que reacende a minha alma.
Por isso, não gostes de mim apenas. Sente-me.
Não me queiras bem só por pena ou costume: vê-me.
Olha-me nos olhos, percebe as minhas falhas e, se fores capaz… fica.

• Filipe de Luar