Caminhei apressado, os braços doridos de tanto peso. As malas cortavam-me os dedos, mas não parei. Corri até à porta, larguei tudo no chão e revirei os bolsos à procura da chave que parecia brincar às escondidas comigo.
Abri a porta num gesto brusco, empurrei as malas para o meio do corredor e saí fechando-a com força. Inspirei fundo. Senti-me mais leve, mas não o suficiente.
A distância que me separava de ti era curta, mas cada passo parecia infinito. A ansiedade acelerava o coração como se estivesse numa corrida sem fim. Quase fiquei sem ar.
Quando finalmente cheguei à praia, encontrei-a quase vazia. O céu pintado de laranja, o som do mar a embalar o silêncio. Suspirei. E nesse instante o coração acalmou — era aquilo. Aquela imagem. Aquele momento único em que podia dizer: estou em casa.
Jurei nunca esquecer a tua cor, a tua energia, a tua essência. E cada regresso era como te ver pela primeira vez, mesmo sabendo que sempre estiveste ali.
Sentei-me e deixei-me ficar. Minutos, talvez horas. O tempo deixou de contar. Alguém chamou ao longe, mas soava a eco distante. Permaneci imóvel, porque era ali que encontrava a força que procurava.
E percebi, de repente, o que significava estar. Apenas estar.

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A calma que só a praia sabe dar
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