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Paixão no elevador

Um dia, vamos deixar de nos encontrar. Um dia, o amor acaba mesmo quando é enorme demais para desaparecer. Mas não acaba por falta de amor. Acaba porque não há espaço para ele.
O amor precisa de espaço. E fazer amor, então, precisa de ainda mais. Sexo? Esse até cabe em qualquer lado. Mas amor? Amor grande quer ar, quer liberdade para crescer.
Sem espaço, o amor aperta, murcha, desaparece, evapora-se. Por isso, atenção: o amor não morre quando acaba o amor. Morre quando não há onde amar.
O nosso amor já não cabe dentro das paredes da casa. É tão grande que quer fugir, quer respirar. Amor preso é amor morto. E amor morto é o fim.
Amámo-nos em todos os cantos, em todos os quartos. Na praia, na nossa ilha de sonhos, até onde a imaginação nos levou. Mas hoje, vamos fazer amor no elevador.
No elevador? Sim! Um espaço pequeno, apertado, que agora é só nosso. Vai ser a subir e a descer calmamente, noite fora.
Esperamos que o prédio durma. Depois, corremos porta fora, tomamos o elevador como cúmplice, o nosso comparsa secreto no amor.
Alguém pode achar isto loucura. E somos, sim. Loucos, loucos saudáveis. Loucos porque precisamos da cumplicidade do elevador para continuar a amar. Porque o amor não acaba por falta dele, mas por falta de espaço.
Há quem diga que o amor não depende de elevadores. Eu digo o contrário: quem pensa assim não sabe amar.
O amor precisa de espaços e às vezes esses espaços são inusitados, secretos, pequenos, mas sagrados. Como o nosso elevador.
Somos loucos por amor. Loucos para amar. Loucos no elevador, para que o amor não acabe.
Entramos, e descemos até à garagem. Encosto-te ao espelho, puxo-te pelo cabelo com desejo. Beijo-te o pescoço e percorro-te com as mãos.
Despi-mo-nos devagar. Com uma mão puxo o teu cabelo, com a outra seguro a tua cintura, e fazemos amor ali, apertados, juntos, intensos.
Quero levar-te e elevar-te até ao céu. Liga o botão do nosso amor. Vamos subir e descer neste elevador que só nos faz sentir vivos.
Vamos amar no elevador.

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