Filipe de Luar

Sentir! Uma palavra tão pequena, mas com o peso de um mundo inteiro. Há emoções que não cabem no dicionário — vivem-se, respiram-se, arrepiam a pele e aquecem o peito.
É aquele sorriso que aparece sem aviso, sem razão aparente. Vem de dentro, salta para o rosto e revela paz. Felicidade pura, sem filtro.
É dedicar tempo. Porque tempo é tudo. Não se pede, não se cobra — oferece-se. E quando se oferece, oferece-se de verdade, sem relógio na mão.
É cuidar. É estar presente mesmo quando o corpo está longe. É fazer caber no nosso espaço alguém que nos preenche. Não é sacrificar-se — é somar, acrescentar, estar lá porque sim.
É poder ser quem se é, sem máscaras nem filtros. É sentir-se em casa num olhar, num abraço, numa gargalhada partilhada. É leveza e liberdade, ao mesmo tempo.
É respeitar, escutar, compreender. Sem querer mudar, sem exigir, sem impor. É abrir os braços e deixar que o outro se sinta inteiro, mesmo quando vem com dúvidas e cicatrizes.
É sentir orgulho ao ver o outro bem. Ver brilho nos olhos e saber que, de alguma forma, fazemos parte desse brilho.
É partilhar o melhor de nós. Porque quando há entrega, não há metades.
É saltar de olhos fechados, sem medo de cair. É dar o peito às emoções, mesmo quando o chão treme.
É aceitar os defeitos e valorizar as virtudes. É também chorar baixinho quando há saudade. Porque sentir, a sério, também dói.
É tomar decisões difíceis. É fechar algumas portas para abrir outras. É abdicar de pequenas coisas por algo maior — por paz, por equilíbrio, por verdade.
É querer dar o melhor, sempre. Fazer do dia-a-dia um lugar seguro, onde se cresce e floresce.
É estar perto até quando se está longe. É sentir a presença no silêncio, nas entrelinhas, na ausência que aconchega.
É simples e complexo. Doce e intenso. Cheio de altos e baixos. Mas, no meio de tudo, é o que nos faz humanos.
Quando se sente de verdade, traçamos o nosso caminho com mais sentido. Mais propósito. Mais luz.
Sentir é um mistério bonito. Um fio invisível que une, que transforma, que resiste às partidas, aos muros, às tempestades.
Sente com coragem. Com tudo. Porque há poucas coisas tão curativas, tão imediatas, tão vivas como isso que se sente de dentro para fora.
Toma a tua dose diária de sentimento genuíno. E verás que nada te faltará.

• Filipe Miguel