Não, eu não acordei assim. Mas adormeci com aquela sensação estranha de quem já não sabe muito bem o que sente. Passei a noite inteira a reclamar mentalmente, a discutir comigo próprio, a querer desistir de tudo sem saber exatamente do quê. Hoje, o que me pesa não são as reclamações, é a ausência. A ausência de alguém que me pense, que me sinta, que me leia mesmo em silêncio.
Reclamar? Já nem sei se vale a pena. Cansei de repetir as mesmas queixas, de dar voltas aos mesmos pensamentos. Talvez o melhor mesmo seja o silêncio. Aquele silêncio que não pesa, mas que protege. Que cala sem sufocar.
Acordei cedo. E dei por mim a pensar: será que foi o barulho das minhas inquietações que me despertou? Ou este cansaço que não me larga? Não é físico, é um cansaço mais fundo, que vem de dentro, como se a alma andasse a arrastar os pés.
Hoje não tenho grandes palavras. Nem desilusões, nem euforias. Só este vazio calado que ocupa espaço sem fazer barulho. Não sei se estou triste. Não sei se me apetece lutar. Só sei que estou cansado. E cada vez mais cansado. Não de viver, mas de sentir tudo tão intensamente.
Se acordaste assim também… respira. Às vezes, sentir nada já é sentir demais.

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