Nestes tempos profundos, o mar agita-se freneticamente, enquanto o vento sopra com uma intensidade quase ameaçadora. O céu está num estado de confusão, com nuvens cinzentas a lutar entre si, e o sol, tímido, esconde-se atrás desse véu pesado.
Dentro do meu quarto, envolto na penumbra, a minha alma sente o peso da tristeza que permeia o ar lá fora. As lágrimas parecem deslizar pelo meu ser, como se a melancolia do mundo exterior quisesse invadir o meu refúgio. A sensação de solidão aperta-me o coração, como uma garra que não me solta.
Às vezes, a calma instala-se, como um manto suave que abraça a casa; outras vezes, a agitação toma conta de mim, e um turbilhão de emoções explode no peito. Quando olho pela janela, tudo parece contrariado: as árvores balançam de maneira frenética, e as ondas quebram na costa como se tentassem libertar-se de uma prisão invisível.
A realidade é forte e crua, rasgando o meu peito com fúria. Sinto um desejo profundo de voltar àquele tempo em que o mundo se enchia de alegria, onde risos e abraços eram abundantes e a vida parecia mais leve.
A família está longe, e, apesar de não estar sozinho aqui, a saudade é uma presença constante, como uma sombra que nunca me abandona. Essa mágoa pesa, como uma pedra no estômago, e dá-me a impressão de que o coração vai partir-se.
Acreditar que tudo ficará bem é como a cereja no topo do bolo, um doce desejo que me sustenta nos momentos mais difíceis. Por isso, caminho com cuidado e fé, esperando que um dia encontre um consolo, um sopro de esperança que traga de volta a luz e a alegria à minha vida.
- Filipe Miguel

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